terça-feira, 1 de março de 2011

O dilema de uma paternidade anunciada

Chega um dia na vida em que a notícia vem... O homem torna-se pai! Incrível como essa notícia vem, na maioria das vezes, fora de uma hora propícia e acompanhada de certo susto. A mulher não se assusta, a mulher se conhece, sabe. O homem descobre! E descobertas espantam!


Homem é bobo, gosta de mostrar que está com a situação dominada, sob controle. E, normalmente, finge um contentamento para mostrar que está tudo bem, enquanto que, na realidade, está tendo um princípio de desmaio misturado com um enfarto por dentro.

Depois, como toda grande descoberta, o homem passa a se acostumar com a ideia, chega a imaginar a criança tecendo as primeiras palavras, que na sua cabeça será “papai”. Imagina mil e uma coisas... No princípio, sonha em ter um menino. Quer uma companhia para jogar bola, ver futebol, tomar cerveja, falar de mulher... Coisas de homem. Menina... Menina estuda!

Mas como toda descoberta, acaba sendo informado que o nome do bebê é Manuela, afinal, o exame mostrou uma menina. Mais um sorriso no rosto para mostrar contentamento, enquanto cria raízes internas para absorver a ideia em ser pai de uma menina... Mulher!

Já tinha criado mil e um planos para ser pai de um garotão forte, alto, bravo e destemido. Mas eis que surge uma moça frágil, frágil... Frágil! Frágil! “Bom, nada melhor do que ser pai de uma princesinha” pensa tentando se convencer que era o melhor que podia acontecer!

Ama tal qual fosse um menino, mas tem medo. “Um menino é fácil.” Sim, um menino é mais fácil! Afinal todo homem já foi menino, já conhece a evolução do corpo, da mente. É mais fácil falar com um menino sobre certos assuntos, do que explicar para uma menina o porquê dela menstruar. Mas tudo bem, está disposto a tentar!

“Vai ser bom...” Será! “Menina é mais carinhosa.” Sim! Enquanto dorme sonha com belos momentos entre pai e filha. Noite de inverno, frio, chuva, filme e pipoca, a sua pequena deitada no seu colo e fazendo carinho em sua barba, enquanto assiste pela décima vez ao filme preferido da sua princesa.

Ela correndo na saída da escola para abraçar o pai que vem buscá-la. Ela que se joga em seus braços para soluçar lágrimas incontidas... Menina é carinhosa. Tudo, então, passa a se tornar tão belo!

Pai gosta de exclusividade. Divide o carinho da filha com a esposa, afinal é a mãe... Mas gosta de exclusividade! Esta exclusividade está ligada na incompetência do homem em pensar no futuro. Ele sequer imagina que a filha, um dia, vai crescer. Seu corpo de adolescente denotará o que está para vir como mulher. E, com isso, muitos meninos ficarão em volta querendo um pouco de atenção da sua menininha!

Eis que chega o dia em que ela deixará de ser a filhinha do papai e ele terá de vê-la no colo de outro – um desconhecido, feio, ignorante e arrogante – que teima em mostrá-la como um troféu. Sim, afinal é a sua princesa agora!

Nada do que este boçal faz agrada, afinal ele está com sua filha nos braços. Até que o pai descobre que ele também torce pelo Internacional... Ah! O Internacional! Se torce pelo Internacional torna-se mais que genro, torna-se filho. Eis que está tudo resolvido!



Paulo dos Santos

3 comentários:

tio roger disse...

muito bom , adorei paulinho. Um grande beijo, parabens por esse grande talento.

Anônimo disse...

A POXA tava tão bom o texto tinha que estragar no fim? ausuashuahsuahsuahs

Idas e Vindas disse...

Ualll *---* mto legal parabéns!!!
a gente viaja imaginando cada momento que é contado no texto.
Eu falo de novo MTO LEGAL!!