
Grande amor! Essa é a expressão que uso para caracterizar a minha relação com meu pai, que não acabou naquele dia estranho, que sequer quis acabar na minha memória!
Meu pai era um cara legal. Normal diante das normalidades do mundo! Alguém que talvez não tivesse se deixado crescer totalmente para ficar andando pelo mundo infantil junto com o filho, que só sabia fazê-lo lembrar dos desenhos infantis antigos e que antes de dormir era quase que obrigado a recitar uma ladainha de imitações consagradas, nem tão boas assim, por parte dele, mas maravilhosas – de minha parte!
Muitas situações nos fazem rememorar àqueles que ficaram na lembrança. É estranho como algo que não tem nada a ver com a situação, nos leva imediatamente a ela. Foi assim quando vi uma foto estranha, num blog estranho... Fui jogado, de imediato, ao meu passado, nem tão passado, em que tudo era motivo de festa e brincadeira! Tempo em que meu pai me pegava no colo, deitava-me no sofá e fazia das minhas pernas como um braço de violão, ao mesmo tempo em que ficava a formar ritmos em meu corpo franzino, o que me fazia rir pelas cócegas que me dava.
As grandes batalhas e confrontos finais de salvação do universo em que o Power Ranger Prata – eu – sempre vencia os terríveis monstros intergalácticos – meu pai! Brincadeiras de domingo, sábado à noite, sexta, quinta, quarta... Vida de quem se permite amar! Aquele que ama, entra no tempo do outro... Assim meu pai fez comigo, entrou no meu tempo, viveu a minha vida junto comigo. Não era necessário que eu me apressasse para entrar no tempo dele e entender horas de reunião, ou o que fosse. Ele entrou no meu tempo para viver comigo e por amor me chamar não só de filho, mas de amigo!
Os amantes não são apenas marido e mulher, pai e filho, mãe e filho, vizinhos, namorados... Os amantes são, acima de tudo, amigos! Os amantes são cúmplices!
Não posso me queixar de nada, tive quem eu amei, do meu lado, pelo tempo necessário! Ainda tenho o amor. O amor não morre quando se há lembranças... E essas, eu tenho muitas!
Paulo dos Santos
Um comentário:
Como eu já falei esse é o meu texto favorito, pq de algum modo lembro de meu avô, parece que tu descreve nao só as tuas lembranças, mas as minhas tbm em alguns aspectos é claro. bjbj
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