terça-feira, 14 de setembro de 2010

Quando fico sem escrever não é por falta de assunto, mas sim por excesso deles. Assim quando inicio logo vejo que não chego a lugar algum!

Fernando Pessoa

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlaçemos as mãos).

Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para o pé do Fado,
Mais longe que os deuses.

Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente.
E sem desassossegos grandes.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Infância

Hoje, resolvi postar um poema de Drummond. Ao lê-lo fui transportado à minha infância, que não faz muito, já passou. Não quero dizer muito, deixo-te com as belas palavras deste poeta...

Infância
"Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé,
comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeu
a ninar nos longes da senzala – e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nem a preta velha
café gostoso
café bom.

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
- Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito.
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé."

 Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Apenas Viver

Tem vezes que se não tem o que fazer. Apenas viver.

Não se tem o que falar. Apenas viver.

Não se tem como fugir. Apenas viver.

A vida segue pelo meios que vamos construindo... Sentimentos surgem e brotam.

Quando é de sentimento, não se tem o que fazer. Apenas viver.


Paulo de Oliveira dos Santos

Caminhos

É difícil dizer que não. É difícil esconder a dor. É difícil! Depois que se passa pelas mais variadas vias e ruelas que aparecem no caminho não se tem como não reviver o sentimento que a vida proporciona. Não se tem como dizer que não se sente!

Os sentimentos vêm como em turbilhão. A vida não passa devagar. Os rumos vão sendo desenhados pela destreza de quem o vive; de quem se permite viver. As bifurcações vão surgindo e nos fazendo escolher. É necessário arriscar-se para não parar; é necessário ter coragem para viver.

Muitos caminhos escolhemos como certos e por ele andamos. O que não significa que tudo o que se andou está errado. O que não significa que tudo o que se viveu passou, deve ser guardado no fundo da caixa e escondê-lo.

A vida nos chama a viver. Arriscar e viver. Muitas vezes a lágrima cairá, ela sempre teima em cair. É difícil não chorar quando se ama. É difícil não chorar quando se vive... O amor!


Paulo de Oliveira dos Santos

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Quotidiano

O dia amanhece; a lágrima cai; a flor se abre! O sorriso aparece e tudo segue o seu estado no mais íntimo do quotidiano. A vida rebusca sonhos numa realidade atroz. As certezas se fundem, muitas vezes, a sentimentos torpes. E assim segue a vida no mais íntimo do quotidiano.

O sol nasce; muitas vezes dá espaço à chuva – chuva que refresca e dá vida. Água que banha o mais profundo da alma. Água que impregna a terra e fecunda a plantação. Terra de onde brotam os meus sonhos; plantação onde cultivo meus amores.

Água que denota o sentimento, molha o papel e assim dá vida ao que era inanimado. Água como o orvalho, que cai na escuridão da madrugada e quando o sol vem faz brotar o mais belo botão colorado.

Flor que surge. Surge após a experiência da madrugada chorosa. E durante o dia encanta com o mais belo aroma e mais pulcro sentimento, onde no fim surge o sorriso. Sorriso da vitória! Eis a vida.

E o dia amanhece; a lágrima cai; a flor se abre! O sorriso aparece e tudo segue o seu estado no mais íntimo quotidiano.

 
 
Paulo de Oliveira dos Santos