quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Palavras...

Texto publicado no "Jornal da Comunidade", da última semana do mês de março de 2011

Palavras...

Gosto das palavras. As palavras me fascinam! Com as palavras posso dar vida ao inanimado, transformar um pensamento em realidade. Curar as dores e fazer outrem chorar. Palavras modificam, palavras deixam tudo igual! Palavras...


Como nos causam interesse as pessoas que sabem usar bem as palavras. Os grandes nomes da nossa história eram grandes usuários das palavras. Não digo da língua, mas das palavras. Falar todos sabemos, cada um a sua língua... Mas, usar as palavras, mexer na imaginação. Tornar o irreal possível, são poucas as pessoas que têm essa pré-disposição!

Eu gosto das palavras. Talvez não seja bom usuário delas, mas tento ao máximo me envolver com o seu encanto! Delicio-me com suas interpretações, significados e variantes! Deleito-me com seus trocadilhos em antônimos e sinônimos permanentes. Gosto das palavras.

“Palavras não são más, palavras não são quentes, palavras são iguais, sendo diferentes.”(Titãs, Palavras)

Palavras mudam vidas. Fazem retornar ao passado, mexer na ferida aberta e reorganizar os sentimentos. Palavras mudam histórias. Palavras são eternas! Palavras são loucas!

Palavras iniciam guerras, trazem também a paz. Palavras iniciam governos e também a anarquia. Palavras acalmam o coração, mas também são o estopim do desespero! Palavras mexem com a história! Palavras...

Palavras têm poder, palavras são palavras e podem fazer tudo desaparecer!


Paulo dos Santos

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Via Láctea

Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febre a tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a leveza das coisas com humor
Mas não me diga isso!
É só hoje e isso passa...
Só me deixe aqui quieto
Isso passa.
Amanhã é outro dia
Não é?

Eu nem sei por quê me sinto assim
Vem de repente um anjo triste perto de mim
E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim.

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou.

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim...





Legião Urbana!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Lembrança

Muitas coisas me fazem lembrar o meu pai! Fotos, situações, conversas, músicas... Quem nunca vagou pela memória, correndo junto às lembranças de um grande amor?

Grande amor! Essa é a expressão que uso para caracterizar a minha relação com meu pai, que não acabou naquele dia estranho, que sequer quis acabar na minha memória!

Meu pai era um cara legal. Normal diante das normalidades do mundo! Alguém que talvez não tivesse se deixado crescer totalmente para ficar andando pelo mundo infantil junto com o filho, que só sabia fazê-lo lembrar dos desenhos infantis antigos e que antes de dormir era quase que obrigado a recitar uma ladainha de imitações consagradas, nem tão boas assim, por parte dele, mas maravilhosas – de minha parte!

Muitas situações nos fazem rememorar àqueles que ficaram na lembrança. É estranho como algo que não tem nada a ver com a situação, nos leva imediatamente a ela. Foi assim quando vi uma foto estranha, num blog estranho... Fui jogado, de imediato, ao meu passado, nem tão passado, em que tudo era motivo de festa e brincadeira! Tempo em que meu pai me pegava no colo, deitava-me no sofá e fazia das minhas pernas como um braço de violão, ao mesmo tempo em que ficava a formar ritmos em meu corpo franzino, o que me fazia rir pelas cócegas que me dava.

As grandes batalhas e confrontos finais de salvação do universo em que o Power Ranger Prata – eu – sempre vencia os terríveis monstros intergalácticos – meu pai! Brincadeiras de domingo, sábado à noite, sexta, quinta, quarta... Vida de quem se permite amar! Aquele que ama, entra no tempo do outro... Assim meu pai fez comigo, entrou no meu tempo, viveu a minha vida junto comigo. Não era necessário que eu me apressasse para entrar no tempo dele e entender horas de reunião, ou o que fosse. Ele entrou no meu tempo para viver comigo e por amor me chamar não só de filho, mas de amigo!

Os amantes não são apenas marido e mulher, pai e filho, mãe e filho, vizinhos, namorados... Os amantes são, acima de tudo, amigos! Os amantes são cúmplices!

Não posso me queixar de nada, tive quem eu amei, do meu lado, pelo tempo necessário! Ainda tenho o amor. O amor não morre quando se há lembranças... E essas, eu tenho muitas!



Paulo dos Santos